Saturday, May 09, 2015

"Entre França e Aragão"

 
(MAE canta no Nordeste para o Sr. Presidente da República, a convite do Dr. José Carlos Carreiro, sendo acompanhada à viola por Miguel Pimentel)

“Entre França e Aragão”

Sempre vi no trabalho de Maria Antónia Esteves (MAE) uma mistura ente questões profissionais, de ciência pura – uma excelente docente universitária de Física e Química, e também do ensino secundário – e a artista com preocupações estéticas, na procura da mais pura expressão da música tradicional açoriana.

Este seu novo cd partilha valores musicais do nosso património comum dos Açores, sendo MAE, sem dúvida, na actualidade, a melhor escolha para se escrever sobre a identidade cultural açoriana na área da etnomusicologia, pesquisa, recolha, divulgação e recriação dos valores musicais do povo açoriano.

“Entre França e Aragão“ é o seu quinto trabalho editado, depois de “Açores” (45 r.p.m.),  “Manjericão da Serra” (LP), “Canto do Prisioneiro” (LP) e “Com o Rosto a Este Vento” (cd), constituindo mais uma demonstração da sua imprescindibilidade na musicologia açoriana. A viola da terra, magistralmente executada por Miguel Pimentel, de novo dá expressão e alma ao trabalho, acentua a estrutura musical dos temas, moldando-se a cada sílaba cantada por MAE.

O cd, com uma excelente qualidade sonora, mergulha a fundo nas raízes e na interculturalidade açoriana da diáspora, de que é exemplo o estado brasileiro de Santa Catarina, povoado por casais açorianos já lá vão mais de 250 anos, e traz à memória outros trabalhos da sua carreira musical, rica de actuações, entre as quais recordo com muito agrado a actuação na Praça do Município desta Vila, durante a única visita de um Chefe de Estado ao concelho do Nordeste em toda a sua história, expressando o sentir deste povo ao mais alto magistrado da Nação, e comitiva.

“Entre França e Aragão” é, assim, mais uma manifestação da vitalidade de uma das mais importantes musicólogas do nosso tempo, obra de alguém que conhece, porque investigou a fundo, a cultura musical açoriana, com uma voz e uma qualidade apuradas.

De facto, MAE não é uma voz qualquer. É a voz genuína do povo das ilhas onde nascemos, a voz da pátria açoriana onde gostamos de viver.

Saudemos, pois, mais esta sua viagem às ilhas de bruma e de sonho.

 
José Carlos B.Carreiro

(Ex Presidente da Câmara Municipal do Nordeste)
 


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